sexta-feira, 14 de março de 2008

Greves

Que dia é hoje? Uma pista! Hoje é dia de greve na função pública. Pois...Dado que ainda falta uma semana para o feriado da Páscoa, hoje só pode ser segunda ou sexta. Quando no final do ano passado ouvi dizer que o ano de 2008 iria ser um dos anos com menos dias úteis de trabalho devido à grande quantidade de fins de semana prolongados, pensei logo que este também iria ser um ano com mais greves do que o "normal". Para já ainda nada aconteceu que me fizesse pensar o contrário. Para mim qualquer greve se torna "duvidosa" quando é marcada dias estratégicos que permitam aos trabalhadores fazer fins de semana prolongados. Como isso acontece quase sempre, é facil perceber que para mim quase todas as greves são "duvidosas". Hoje em dia fazem-se greves por tudo e por nada. Tudo é motivo para se protestar, para dificultar a vida a quem quer trabalhar, e se não existem motivos, arranjam-se alguns. A greve deveria ser um instrumento poderoso à disposição dos trabalhadores, para reivindicarerm melhores condições de trabalho, mas com esta banalização da greve e a sua marcação para dias estratégicos está a fazer com que a greve perca significado. Gostava se saber o que dizem aqueles que durante anos se sacrificaram e lutaram para que todos tivessem o direito à greve... Hoje em dia a greve serve para pouco ou quase nada. Poucos são aqueles que conseguiram os seus objectivos com as greves e até a própria opinião pública começa a ficar farta destas greves porque a maior parte das vezes são eles os principais prejudicados, pois a esmagadora maioria das vezes a greve é feita por funcionários públicos contra o Governo. Ora o Governo só fica afectado pela greve se esta, influenciar a opinião pública conta o Governo de modo a que isso se reflicta nas próximas eleições. Uma das primeiras coisas que aprendi acerca de Economia Pública, no 10º ano, é que o principal objectivo do Governo é ganhar as próximas eleições. Para o Governo os cidadão são tratados como votos, por isso esta banalização das greves não afecta o Governo mas sim os "próprios grevistas". Por isso é que os objectivos das greves raramente são atingidos. Já era tempo dos sindicatos porem a "mão na consciência" e deixarem de "Show-Offs". Estas greves não trazem nada de bom a quem as faz e só prejudica o crescimento da economia.
Este ano vai ser um dos anos com mais greves da última década, mas infelizmente não por causa das condições de trabalho. No fim do ano cá estaremos para constatar isto mesmo e fazer as contas ao prejuízo que tivemos com estes mini-férias promovidas pelos sindicatos.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Ser Português

Nasci em Portugal, aqui cresci e foram poucas as vezes que saí deste canto da Europa. No entanto não tenho quase nenhum sentimento patriótico. Ser português não me diz nada, não tenho orgulho nisso nem penso que alguma vez venha a ter. Gosto do país na sua vertente geográfica, bem localizado, com bom clima e sítios fantásticos e gosto também do facto de não ser excessivamente populoso nem haver qualquer tipo de conflitos armados. Não há muitos países em que gostaria mais de viver.
Em termos culturais, Portugal não me diz nada, nem há muito que possa dizer que goste em relação à cultura do País e dos portugueses. O português, o Zé Povinho, é geralmente alguém pouco culto, fatalista, eterno insatisfeito que espera que as coisas caiam do céu. Como ouvi alguém dizer há uns dias atrás, os portugueses tem mentalidade de empregados. Fazem o que lhes mandam, esperam que alguém lhes indique o caminho, não tem espírito de iniciativa e depois queixam-se da sorte. Até na estilo musical mais emblemático do país está sempre presente a tristeza, o destino traçado, a fatalidade. Não gosto do fado, nem acho que contribua para o despertar da mente das pessoas. Alias, penso que faz exactamente o contrário, isto é, contribui para o marasmo de Vida que se sente nesta mísera cultura. Pior que esta mentalidade é condenação de quem ousa ser diferente, quem tem ideias diferentes, de quem se recusa a ser mais um. São logo apelidados de líricos, exibicionistas, loucos...Mas esquecem-se que a única coisa que diferencia um louco de um génio é o SUCESSO. O português é geralmente invejoso, aqueles que não querem evoluir condenam quem quer, aqueles poucos que conseguem evoluir só ajudam a evoluir os amigos...Aqui ter sucesso, ser diferente, não é nada fácil...Ou tens amigos ou então...tens que ser muito acima da média. Passamos décadas debaixo de uma ditadura que a maioria condena mas na votação para "O português do século" o eleito foi o Salazar. E atenção!!Não foram meia dúzia aqueles que votaram. Foram uma amostra bastante significativa dos portugueses. Como é que isto é possível?? A ditadura era a fonte de todos os males. Fez-se a revolução dizendo cobras e lagartos do Salazar e depois este é eleito como o Português do Século??!! Não percebo...Mas também não percebo o facto de nos 30 mais votados andar lá no meio um actor dos Morangos com Açúcar... Não digo que não preferia a eleição de Salazar em vez de Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Afonso Henriques e outros. Aliás não sou um crítico feroz do Salazarismo. Concordo com muitas das suas ideias mas discordo essencialmente da forma como as impôs, com limitações da liberdade e atropelos aos Direitos Humanos. Salazar percebeu que com a mentalidade da maioria dos tugas não deixaria o país crescer e talvez por isso tenha tentado limitar-lhes a liberdade. Para encerrar este capítulo Salazar resta-me dizer que foi no Salazarismo que o crescimento do país mais se aproximou dos restantes europeus, pois crescemos mais que a média europeia.... Trinta e poucos anos passaram desde o 25 de Abril e o que fizeram os Portugueses com essa liberdade? Pouco, muito pouco. Apenas se limitam a pôr na cadeira do poder políticos que pouco ou nada fazem, que pouco ou nada se preocupam com o Zé Povinho. Acho incrível como é que se assiste dia após dia a histórias de abuso de poder, má gestão do dinheiro público, histórias de influências e compadrio entre os políticos, intromissão na desenrolar da justiça!! Conhecem alguém rico e poderoso que esteja preso? Num país que todos sabem, ou pelo menos desconfiam, que existe bastante corrupção e tráfico de influências, quantas condenações existem nesta matéria? E o tuga, lá assiste a tudo isto, impávido e sereno, porque "não está para se chatear", porque "eles é que estão lá, são os inteligentes, e por isso, eles é que sabem." Quando chega a hora de exercer o maior poder que têm, o voto, o Português não vai, fica em casa porque está a chover, ou vai passear porque é Domingo e está bom tempo. E se, como diz o Saramago, os tugas que não vão votar, votassem em branco? Se estão descontentes, se não acreditam em nenhuma solução apresentada pelos partidos, votem em branco. Estão no vosso direito...
Quando se fala em orgulho em ser português todos falam do Afonso Henriques e dos Descobrimentos. Se o Afonso Henriques fosse vivo hoje, e se decidir fazer hoje o que fez na sua época, o que é que aconteceria? Seria lembrado daqui ma 700 anos como um herói? Basicamente, o que ele fez foi pegar num grupo de homens armados até aos dentes e desatar a invadir terras para as explorar, e impor as suas ideias... O Afonso Henriques tinha algum emprego? De que é que ele vivia? Sendo um rei, não imagino que fosse muito pobre, por isso onde é que ele ia buscar a sua riqueza? Eram as pessoas que lhe oferecia? Desconfio que não!! Quando falo no Afonso Henriques falo em todos os outros Reis que somos obrigados a estudas na escola como se tivessem sido grandes homens...Se fosse hoje eram tratados como deviam...Como um Sadham Hussein quanto invadiu o Kuwait ou o Bush quando invadiu o Iraque. Que orgulho podemos ter, como podemos ver como heróis, estes homens que apenas se moviam com a sua sede de poder e riqueza? O mesmo raciocínio se pode aplicar aos Descobrimentos. Confesso que foi preciso algum engenho, com a invenção de vários instrumentos de navegação, que vieram revolucionar a navegação, mas alguém se lembra quem inventou o astrolábio ou outro qualquer instrumento de navegação? Pois....mas todos sabem quem foi Vasco da Gama, Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral. Foram homens corajosos, sem dúvida, pois não era qualquer um que decidia arriscar a sua própria vida enfrentando o desconhecido. Essa coragem era,no entanto, motivada pelos piores motivos. Os piratas também eram homens corajosos, mas hoje em dia, são poucos aqueles que são reconhecidos. Hoje em dia os piratas são reconhecidos por aquilo que realmente eram...LADRÕES. E foi precisamente isso que os descobridores foram...LADRÕES. Chegaram à Índia, ao Brasil e a todos os outros locais por onde passaram e condenaram à escravidão os nativos, exploraram as sua terras e riquezas e trouxeram-nas para cá. Isso não é roubar??? Então, que nome se dá a isso?? É a este tipo de gente que devemos o orgulho de ser português? E mesmo assim, mesmo roubando os outros, os portugueses não conseguiram crescer nem sequer manter Portugal como a potência que chegou a ser. Os venezuelanos têm uma hitória que também se podia aplicar a este caso. Dizem eles que quando Deus fez o mundo, o Adão lhe perguntou: Vais concentrar tanta riqueza natural em tão pouco espaço, enquanto os outros ficam com tão pouco, porquê? Ao que Deus respondeu:" Não te preocupes, eu equilibro tudo. Vou lá por uns homenzinhos que vão das cabo daquilo tudo!" No caso de Portugal, Deus certamente se esqueceu de algo...
Não percebo também a embirração dos Portugueses com os Espanhóis. Eu sou daqueles que não me importava que Portugal fosse uma província Espanhola se isso nos trouxesse uma vida melhor. Não vejo problema nenhum nisso. Não teria nenhum problema em me tornar Espanhol, Francês, Europeu, seja o que for... Desde que tornasse a minha vida melhor qual o problema?? Não ligo a nacionalidades, considero-me apenas uma pessoa que quer o melhor para mim e para todos. Um exemplo desta minha visão é o facto de não me incomodar muito este "flagelo" da deslocalização de empresas. É verdade que há muitas pessoas em Portugal que vão ficar sem emprego e vão ter dificuldades, mas porque é que ninguém se lembra das pessoas que vão ficar a ter emprego nos países para onde essas empresas vão? Provavelmente eles também andavam a passar dificuldades e agora vão poder ter uma vida condigna. Um português vale mais que um marroquino ou indiano?
Há apenas uma coisa que gosto acerca da cultura tipicamente portuguesa. A comida!! É sem dúvida algo fantástico, que faz parte do património cultural do país e que não encontro paralelo em nenhuma outra parte do mundo. No entanto, isso não chega para apagar todos os outros motivos que me fazem não gostar de ser português nem sequer entender o porquê de tanto orgulho. Não quero saber de que nacionalidade sou. O que quero é ser feliz.

terça-feira, 4 de março de 2008

Amar um clube!!

Aproveitando a deixa do post do meu grande amigo Zhews ;) lembrei-me de falar sobre algo que sempre andou na minha cabeça...Hoje cheguei a casa e vi junto do restante correio a "Mística"; a revista do S.LB. Logo nas primeiras páginas encontro a história de um Inglês apaixonado pelo Benfica. Tinha vindo ver o Benfica-Porto, um entre tantos outros jogos que faz questão de ver ao vivo no "seu" estádio, e aproveitaram para o entrevistar. Viaja regularmente e propositadamente de Inglaterra a Portugal só para ver o Benfica jogar. O que achei incrível é que este Inglês não tem nenhuma ligação familiar a Portugal, nem tão pouco qualquer negócio por estas bandas. Diz ele que esta relação começou em 1980, quando estava de férias em Lisboa e aproveitou para ir ver um jogo do Benfica. Ficou tão maravilhado que decidiu levar umas lembranças do clube. Sem conseguir esquecer o que vira passou a deslocar-se regularmente à Casa do Benfica em Londres, onde, por esta altura, tem vários amigos, e até já aprendeu a falar português. Esta história maravilha-me tanto quanto me intriga....Porque raio é que um inglês, sem relação nenhuma com Portugal fica assim apaixonado por um Clube? Ainda se fosse um clube da sua terra Natal; e tantos e tão grandes clubes que por lá existem!!! O que é que nos faz amar um clube? Como conseguimos amar algo que fisicamente é apenas um emblema? Eu por mim falo....Não consigo explicar o que me vai na alma. Não consigo explicar porque sofro tanto com um jogo de futebol, basket, hóquei e agora até no ciclismo. Amo o meu clube ao ponto de ter gasto uma pequena fortuna só para o ir ver jogar, só para estar presente no último jogo no seu mítico estádio, para estar presente na inauguração do novo, na esperança que me traga tantas glórias quanto o antigo. E sempre que lá chego....aquele formigueiro no corpo...aquela sensação de se estar perante algo mágico....Sejamos francos. Amar um clube é completamente irracional.Quer dizer...Não é totalmente irracional...Tenho algumas razões para ser do Benfica. Já tenho mais dúvidas é se essas razões são suficientes para tamanha dedicação daí dizer que é irracional... Mas muitos milhões sofrem dessa irracionalidade...Na esperança de ver o seu amor correspondido, na forma de vitórias, alegrias, emoções que nunca esqueceremos. Amar um emblema, uma camisola, um estádio, uma cor, enfim...amar tudo o que esteja ligado ao nosso clube. Por esse mundo fora se vê o quanto as pessoas vibram ou sofrem com as vitórias ou derrotas do seu clube. Pessoas que no seu dia a dia são pacatas, de repente, mudam, riem, gritam e cantam a plenos pulmões, choram, ficam simplesmente desolados, deprimidos. Pessoas que se abraçam sem se conhecerem, que choram no ombro de desconhecidos. Muitas vezes demonstramos incompreensão perante alguém que vendo tanta coração e tão pouca cabeça perante o nosso amor nos dizem: "é apenas um jogo" ou "as vitórias não te trazem dinheiro", mas no fundo o que eles dizem é verdade. O amor ao clube transforma as pessoas. Une mas também separa muita gente. Traz o à tona o melhor e o pior das pessoas. De segunda a quarta em todo o lado só se fala do que aconteceu no fim de semana. De quinta a sábado o que vai acontecer nesta jornada. O clube é muitas vezes, o escape de uma vida "normal", é a tentativa de pertencer a algo maior, de fazer parte da história, de conquistar o mundo. Projecta-se nas conquistas do clube as frustrações de uma vida. É algo superior que poucos conseguem controlar. Aquilo que me fez benfiquista foi a grandeza das suas conquistas, a beleza da sua história. O que me mantém benfiquista não são obviamente as suas conquistas recentes. Apenas consigo dizer que dos 4 melhores jogos que me lembro de ver na vida 3 deles são do Benfica. Sporting-Benfica (3-6) Benfica-Boavista (5-2) Bayer Leverkusen- Benfica (4-4). Sinto-me bem em pertencer a uma quase família gigantesca, onde milhões partilham esta fé inabalável, apesar de não compreender muito bem porquê.

Educação em Portugal II

Já alguma vez sentiram, quando saíram do secundário que muito daquilo que estiveram a estudar durante anos foi em vão? Penso que já era hora de se repensar e reformular os programas curriculares de ensino. Sou defensor de uma estrutura flexível que permita aos alunos escolher entre determinadas disciplinas, consoante os seus próprios interesses. Sou apologista que nas escolas se deve atribuir mais responsabilidades aos alunos e incutir-lhes o espírito de iniciativa. Na escola de hoje, os alunos vão para a escola para estar com os amigos e não para aprender.Invariavelmente só estudam na altura dos testes e fazem os trabalhos de casa à pressa, isto quando não os copiam 5 minutos antes da aula começar.
Falando dos programas, tenho a ideia que estão desajustados da realidade. Até ao 10º ano os alunos são confrontados com uma panóplia de disciplinas, onde muito do seu conteúdo é completamente inócuo e que nenhuma utilidade tem. É importante ter Português para aprender a dominar a nossa língua materna para nos exprimirmos e nos compreenderem da melhor maneira possível, mas haverá necessidade de inundar os alunos com conceitos e termos que os vamos esquecer no ano seguinte? Coisas como sonetos, estrofes, sílabas métricas, contracções conjunções, etc, etc. Acho importante ler autores portugueses porque de certa forma nos ajudam a compreender como era o país nessa altura e como se processou a sua evolução mas haverá necessidade de tantos? E Filosofia? Não se podia transformar essa disciplina numa disciplina semestral e aplicar o tempo restante noutro tipo de actividades mais enriquecedoras? O mesmo se pode dizer da Historia, Matemática, EVT e outras. Perdemos muito tempo nas aulas. Portugal é dos países onde se passa mais tempo dentro das salas de aula. Isto faz com que os alunos no fim das aulas se preocupem apenas em se divertir, deixando os trabalhos de casa e o estudo para outras alturas. Defendo que os alunos desde cedo sejam habituados a realizar tarefas que os obriguem a ter um olhar crítico sobre o que nos rodeia. Quantos jovens lêem jornais? Quantos vêem os noticiários com atenção? Acho incrível quando se dá um destaque enorme a algumas pequenas iniciativas, geralmente de nível ambiental ou da área da saúde, que os jovens realizam no âmbito de alguma iniciativa da escola. Fala-se nisso como algo extraordinário...Mas não o deveria ser. Deveria ser prática corrente nas escolas. Nas escolas dá-se muita relevância ao passado, quando o passado só nos interessa para melhor compreender a evolução do mundo e tentar perceber para onde caminha. Estuda-se muito quem foi este, que foi aquele, o que este fez ou o que aquele fez. Não se incentiva os alunos a olhar para o mundo com um espírito crítico, com iniciativa. Os trabalhos, que sejam individuais, versam quase sempre coisas passadas. Porque não apresentar ao aluno uma situação real e perguntar-lhe como reagiria a isso? O que faria para a melhorar? Aos alunos nunca se pedem opiniões. Como queremos que esta juventude evolua se não lhes mostram o caminho? Apenas os enchem de conceitos e acontecimentos que eles próprios vão ter de filtrar e perceber a melhor aplicação a lhes dar. Penso que mesmo no ensino secundário, onde supostamente já fizemos uma escolha de uma certa área, temos disciplinas que pouco interesse tem e outras que gostaríamos de ter mas que não estão incluidas no nosso programa.
Para quando uma reforma??

segunda-feira, 3 de março de 2008

Educação em Portugal

Tenho uma opinião algo particular em relação ao Estado da Educação em Portugal. Sendo Portugal um dos países da Europa em termos "per capita", porque será que se fala tanto na debilidade do estado da educação no nosso país? E afinal, o que está mal na educação? Não penso que seja o facto de haver inúmeros professores no desemprego, pois isso é apenas uma questão de oferta e procura. O facto de haver professores a mais é "culpa" deles mesmos que escolheram essa profissão sabendo de a priori que é um sector onde a oferta de trabalho é muito maior que a procura. Nem sequer penso que o encerramento de escolas seja uma má política. É apenas uma decisão de gestão. Claro que há sempre alguém que fica mais prejudicado, globalmente acho que o país ganha alguma eficiência. A única falha que aponto ao Estado é as condições de algumas escolas, que não tem as mínimas condições para o ensino. Quanto a esta recente polémica em torno da avaliação dos professores e do exame de "acesso" à profissão, apesar de concordar com elas quanto aos seus princípios tenho algumas reservas quanto à forma como serão implementadas, principalmente no que concerne à avaliação dos professores. Digo que concordo com elas porque se há muitos professores para poucos escolas/ turmas, a escolha dos professores se deveria basear mais na qualidade dos professores do que na sua antiguidade. Mantenho, no entanto grandes reservas em relação a atribuir esse poder de avaliar aos pais, alunos e aos próprios professores. Este sistema não premiará os "melhores" mas sim os mais simpáticos. Aplaudo a tentativa de tentar premiar os melhores mas toda e qualquer solução que não se baseie em critérios objectivos é tendencialmente descricionária e pouco clara. Até alguém conseguir criar um critério objectivo e claro, melhor que que o de tempo de serviço, é melhor continuar assim. Aliás, e entrando na particularidade da minha opinião, nem sequer acho que a qualidade didáctica dos professores seja particularmente importante para a aprendizagem dos alunos. Os professores estão lá para fazer uma introdução à "matéria" e para explicar qualquer dúvida que eventualmente possa surgir. Penso que qualquer pessoa que domine minimamente a matéria consegue fazer isso. Não é necessário inventar, sob a justificação da motivação e interesse do aluno, elaborar esquemas e estratégias de ensino. Um bom professor é alguém que domina o assunto que se pretende ensinar aos alunos e não alguém que a penas se preocupa com a forma de ensinar. A motivação e interesse têm que partir do aluno. É algo que compete aos pais de incutir nos seus filhos e mostrar-lhes que eles são os principais interessados em estar atentos e motivados para as aulas e para estudar. Penso que é aqui que resido o principal problema da educação, e dos fracos resultados dos alunos. "A educação começa em casa" é um dito que tem perdido muito valor nos últimos tempos. Os pais cada vez menos se intervém na educação dos filhos, entregando essa tarefa às escolas e aos professores, quando na realidade são eles o mais importante factor de sucesso dos filhos nas escolas. Os resultados dos alunos dependem acima de tudo do seu próprio empenho e motivação. Podem não gostar de um ou outro professor mas isso não os impede de ter bons resultados. Um professor não tem que se preocupar com a motivação dos alunos, apenas tem que explanar a matéria e tirar dúvidas. O resto compete ao aluno. Se isto não fosse verdade os melhores professores seriam aqueles que dão lições particulares nas suas casas, pois na esmagadora maioria dos casos, os alunos que frequentam essas lições suplementares acabam sempre por melhorar as suas notas. Das duas uma : ou esses professores que dão explicações são melhores que os outros ou então o que falta é dedicação e trabalho por parte dos alunos. Não existem alunos mais inteligentes do que outros...Existem alunos mais empenhados do que outros. Na generalidade os professores que conheço tendem a discordar de mim quando digo que um bom professor é alguém que tem que dominar aquilo que lecciona e não tem que se preocupar com a forma como o faz, pois o fundamental é o empenho do aluno. No fundo, se discordassem mesmo de mim, não se opunham a que a avaliação dos professores fosse feita com base nos resultados dos alunos. Se os professores fossem assim tão importantes não haveria melhor critério para a sua avaliação...
Resumindo, o problema da educação em Portugal é uma questão de cultura.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Começo

Finalmente decidi criar um blog. Já tinha pensado fazê-lo mas a preguiça não deixou. Esta súbita vontade surgiu porque ultimamente tenho andado a comentar num blog de um dos meus maiores amigos. Desta vez não deixei que a minha maior inimiga levasse a melhor. Mas depois de decidir criar este blog, outro problema se levantou. Não gosto muito de falar sobre mim por isso, irei falar de quê? Bem...Não sei...Apenas quero deixar o meu comentário sobre assuntos do nosso Mundo. Deixar aqui a minha visão do mundo.

Espero que gostem