Já alguma vez sentiram, quando saíram do secundário que muito daquilo que estiveram a estudar durante anos foi em vão? Penso que já era hora de se repensar e reformular os programas curriculares de ensino. Sou defensor de uma estrutura flexível que permita aos alunos escolher entre determinadas disciplinas, consoante os seus próprios interesses. Sou apologista que nas escolas se deve atribuir mais responsabilidades aos alunos e incutir-lhes o espírito de iniciativa. Na escola de hoje, os alunos vão para a escola para estar com os amigos e não para aprender.Invariavelmente só estudam na altura dos testes e fazem os trabalhos de casa à pressa, isto quando não os copiam 5 minutos antes da aula começar.
Falando dos programas, tenho a ideia que estão desajustados da realidade. Até ao 10º ano os alunos são confrontados com uma panóplia de disciplinas, onde muito do seu conteúdo é completamente inócuo e que nenhuma utilidade tem. É importante ter Português para aprender a dominar a nossa língua materna para nos exprimirmos e nos compreenderem da melhor maneira possível, mas haverá necessidade de inundar os alunos com conceitos e termos que os vamos esquecer no ano seguinte? Coisas como sonetos, estrofes, sílabas métricas, contracções conjunções, etc, etc. Acho importante ler autores portugueses porque de certa forma nos ajudam a compreender como era o país nessa altura e como se processou a sua evolução mas haverá necessidade de tantos? E Filosofia? Não se podia transformar essa disciplina numa disciplina semestral e aplicar o tempo restante noutro tipo de actividades mais enriquecedoras? O mesmo se pode dizer da Historia, Matemática, EVT e outras. Perdemos muito tempo nas aulas. Portugal é dos países onde se passa mais tempo dentro das salas de aula. Isto faz com que os alunos no fim das aulas se preocupem apenas em se divertir, deixando os trabalhos de casa e o estudo para outras alturas. Defendo que os alunos desde cedo sejam habituados a realizar tarefas que os obriguem a ter um olhar crítico sobre o que nos rodeia. Quantos jovens lêem jornais? Quantos vêem os noticiários com atenção? Acho incrível quando se dá um destaque enorme a algumas pequenas iniciativas, geralmente de nível ambiental ou da área da saúde, que os jovens realizam no âmbito de alguma iniciativa da escola. Fala-se nisso como algo extraordinário...Mas não o deveria ser. Deveria ser prática corrente nas escolas. Nas escolas dá-se muita relevância ao passado, quando o passado só nos interessa para melhor compreender a evolução do mundo e tentar perceber para onde caminha. Estuda-se muito quem foi este, que foi aquele, o que este fez ou o que aquele fez. Não se incentiva os alunos a olhar para o mundo com um espírito crítico, com iniciativa. Os trabalhos, que sejam individuais, versam quase sempre coisas passadas. Porque não apresentar ao aluno uma situação real e perguntar-lhe como reagiria a isso? O que faria para a melhorar? Aos alunos nunca se pedem opiniões. Como queremos que esta juventude evolua se não lhes mostram o caminho? Apenas os enchem de conceitos e acontecimentos que eles próprios vão ter de filtrar e perceber a melhor aplicação a lhes dar. Penso que mesmo no ensino secundário, onde supostamente já fizemos uma escolha de uma certa área, temos disciplinas que pouco interesse tem e outras que gostaríamos de ter mas que não estão incluidas no nosso programa.
Para quando uma reforma??
terça-feira, 4 de março de 2008
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1 comentário:
Sem dúvida, concordo contigo a 100%! A escola hoje em dia serve para que as crianças tenham sítio onde ficar até chegarem os pais. Compreendo até essa necessidade, mas se assim é, porque não investir em algo que os alunos gostem e não obrigá-los a ficar na escola só para ficarem na escola! Os programas deviam ser reformulados, mais ajustados ao mundo em que vivemos. Pelo menos deixar um grande espaço de manobra para adequarmos as práticas ao contexto no qual estamos inseridos. É incrível ouvir quase sempre os professores dizerem que estão preocupados porque têm que acabar o Programa! Se se ouve sempre isto não será porque o programa é demasiado extenso? Ou se não o é, não será porque é pouco interessante, pouco ajustado à realidade logo os alunos não se identificam e as aulas, evidentemente, correm pior? Está na altura de tomar decisões ponderadas, com nexo! Não inventar mudanças que, embora até tenham nexo na sua essência, são desajustadas à realidade em que vivemos! Somos um país pouco aberto às mudanças! Na altura em que o éramos fomos uma grande potência, a partir do momento em que nos fechámos passamos a estar na cauda do mundo! É a preguiça! Mudar dá trabalho, mas precisamos de o fazer urgentemente! Vamos deixar de dizer que fomos grandes no passado e trabalhar para o sermos no futuro! Vamos trabalhar mentes para, como dizes e bem, desenvolverem um olhar crítico do mundo, questionarem, quererem mudar! A nossa cultura é a de "não me vou chatear, dá muito trabalho!" Contra mim falo... mas se aos pouquinhos fomos incutindo esta vontade de sermos maiores, mais tarde iremos certamente colher os seus frutos!
Vamos olhar o mundo, compreende-lo e muda-lo! Está nas escolas a capacidade de o fazer, está no conhecimento a arma que vencerá esta guerra contra o "deixar andar"! Se tivermos um país melhor, aprenderemos a amá-lo; se o amarmos, faremos com que seja cada vez melhor!
Junto aqui o meu grito...
"Para quando uma reforma??"
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